A coluna faz uma análise do que trazem os nomes das coligações à prefeitura. Ou seja, o significado das escolhas das palavras e dos jargões que irão acompanhar os candidatos até o primeiro duelo, no dia 15 de novembro, em busca de uma vaga na grande final do dia 29 do mesmo mês. A avaliação das coligações observa uma leitura do próprio colunista, por óbvio, somada aos relatos de integrantes partidários de cada uma das candidaturas.
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JADER MARETOLI (REPUBLICANOS)
"Avança Santa Maria"
Candidato pela segunda vez consecutiva ao pleito de Santa Maria, Jader Maretoli (Republicanos) concorre, desta vez, em chapa pura. Há quatro anos, fez quase 19,5 mil votos em uma surpreendente e expressiva votação para quem até então não tinha sequer ocupado um cargo eletivo. Com o nome da coligação "Avança Santa Maria", o pastor evangélico usa esse jargão para se descolar dos quadros políticos locais das últimas duas décadas.
Jader Maretoli tem dito que se "sem a máquina nas mãos", ele já tem desenvolvido um trabalho social junto às comunidades carentes da periferia de Santa Maria, "dentro da prefeitura, será possível avançar em demandas sociais". Mas o "Avança Santa Maria" é bem mais que isso, destaca o prefeiturável, mas, sim, um pedido de voto de confiança ao eleitorado. Se no pleito passado, o pastor evangélico pontuou com este nicho religioso, agora, ele se apresenta como o candidato da família, uma forma de avançar rumo ao segundo turno.
SERGIO CECHIN (PROGRESSISTAS)
"Santa Maria agora sim"
A robusta coligação com oito partidos faz do nome do longevo político uma espécie de grife da política santa-mariense para emplacar uma vaga na disputa de 29 de novembro. Com a aposta no nome de "Santa Maria agora sim", o Progressistas busca o protagonismo com Sergio Cechin para comandar o município a partir de 1º de janeiro de 2021. Ainda que exista uma constelação de siglas em torno da dobradinha Cechin e Harrisson (MDB), o centro gravitacional deste órgão pulsante é o engenheiro civil com formação também em Matemática.
Com mais de quatro décadas de vida pública, tendo sido vereador por seis mandatos, secretário de município, integrante de duas gestões do governo do Estado e, ainda, vice-prefeito pela segunda vez, Cechin afirma que há uma espécie de "chamado", que vem do campo e da cidade, que o conclama ao dizer "chegou a tua vez". De todas as candidaturas postas, essa é a que tem como maior fiador o nome do cabeça da chapa.
LUCIANO GUERRA (PT)
"Você na prefeitura"
Vereador em segundo mandato, Luciano Guerra é a aposta do PT para fazer a sigla viver novamente dias de glória. Nos últimos dois pleitos, os petistas ficaram no quase. A tarefa do PT e a do próprio Guerra não é fácil. A coligação que tem o PSD, com Marion Mortari como vice, carrega o nome de "Você na prefeitura". O que, em parte, é uma releitura da primeira e exitosa campanha à prefeitura dos petistas em 2000.
Naquele ano, a coligação Valdeci e Pimenta tinha como bordão "Valdeci, Pimenta e você na prefeitura". Para os petistas, os dois pleitos guardam, de certa forma, algumas semelhanças. Lá atrás, quando assumiram, herdaram um problema crônico na saúde: o fechamento da Casa de Saúde. Já em 2001, o complexo foi reaberto. A crise de saúde daquele momento foi enfrentada pelos petistas e revertida. Agora, o entendimento dos petistas é que, mesmo sendo uma crise sanitária com reflexos econômicos, Guerra é a pessoa preparada para conduzir o município neste momento.
EVANDRO BEHR (CIDADANIA)
"A Santa Maria que queremos, a cidade que merecemos"
Ao concorrer pela segunda vez à prefeitura, após um hiato de 20 anos, Evandro de Barros Behr quer mostrar que, a exemplo do pai dele, no começo da década de 90, pode ser o azarão do pleito. Além do fator surpresa, o advogado e empresário pretende se colocar como uma terceira via frente aos nomes colocados. A coligação composta pelo Cidadania e Democracia Cristã (DC) leva o nome de "A Santa Maria que queremos, a cidade que merecemos" e reflete o que deve ser a linha de discurso dele para esta disputa eleitoral.
A narrativa irá apontar para a necessidade de uma desconstrução de conceitos defasados, até então aplicados pelos prefeitos nos últimos anos, e a busca por inovação e modernização administrativa. Ele quer, se eleito, imprimir uma agenda desenvolvimentista. Dentro da engrenagem, já tem acenado que buscará nomes do mercado - com experiência na iniciativa privada - para agregar. O objetivo é, ao respeitar a engrenagem e o tempo da máquina pública, proporcionar um azeitamento de todas essas peças.
MARCELO BISOGNO (PDT)
"Um novo caminho para Santa Maria"
Nesta segunda tentativa consecutiva de levar o pleito municipal, Marcelo Bisogno (PDT) faz do slogan da coligação "Um novo caminho para Santa Maria" uma extensão da sua própria trajetória nesta caminhada em busca da conquista do Executivo. Ainda em 2016, ele deu o primeiro passo nesta direção. O pedetista que traz no currículo dois mandatos como vereador - sendo em 2012 o parlamentar mais votado - e, ainda, duas passagens por secretarias municipais nos governos Valdeci (PT) e Schirmer (MDB), acredita estar cacifado para o maior desafio de sua vida política. A expressão "um novo caminho" também é uma referência à passagem de Bisogno pela Secretaria de Mobilidade Urbana, entre 2011 e 2012, que o levou a ser o vereador mais votado daquele pleito.
Ao contrário de 2016, quando concorreu em chapa pura, agora ele tem o PSB (a vaga de vice é de Fabiano Pereira), o PCdoB, PV e Rede. Além de ter mais partidos, Bisogno reforça ter o apoio e a adesão de nomes ligados à UFSM que o ajudaram no plano de governo do pedetista.
JORGE POZZOBOM (PSDB)
"Em frente, Santa Maria"
A coligação "Em frente, Santa Maria" do atual prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom (PSDB), que buscará a reeleição, quer mostrar, basicamente, duas coisas: há um legado de enfrentamento de problemas crônicos e de avanços na gestão tucana e, principalmente, que o governo dele não se anulou ou foi tragado frente ao surgimento da pandemia da Covdid-19. Nesta coligação que projeta o futuro, a partir de agora, Pozzobom traz ao lado dele uma novidade: um novo vice para a disputa eleitoral, o engenheiro civil e empresário Rodrigo Decimo, filiado ao PSL.
Pozzobom já tem dado sinais que, durante a campanha, não deve fazer promessas. Ao contrário disso, ele sustentará avanços nas áreas educacionais, da saúde, da habitação (com regularização fundiária), na infraestrutura e, inclusive, com parcerias junto à iniciativa privada para atacar problemas onde, muitas vezes, o município não consegue avançar por falta de recursos. Por ser o prefeito, Pozzobom sabe a real situação das finanças e que o 2021 será de contenção e de recessão. Para seguir em frente, o tucano aposta em mostrar o que já está sendo feito.